quinta-feira, setembro 27, 2007





és

o desenho perfeito

da minha alegoria sentimental

és

a perfeita escultura de vento

que se estende

perpendicular à parede dos meus ouvidos
 
posted by lucas nihil at 12:24 AM |
sexta-feira, agosto 03, 2007

...esta tonta cabeça

faz-me rir



Da vida

do caos

do eterno devir



Retenho o ar

Desocupo pulmões



Em elevadas rotações

Artérias

Vasos

Veias

Sentem


A alma das pulsações



Se ao menos

pudesse eu

com uma navalha



Vir cá dentro

esfarrapar esta batalha

 
posted by lucas nihil at 12:35 AM |
quarta-feira, julho 04, 2007
um garfo
jaz em cima da mesa
ao lado das luvas de látex descartáveis

que esperam as cadeiras?
dias confortáveis?!


um prato
de soslaio desconfiado
ao lado do detergente lima limão

que esperam as luvas?
dedos de conversa sobre a solidão?!


guardanapo
no sentido obliquo da faca
sujo engelhado contrariado

que espera a mesa?
que me arrume os dias a vizinha do lado?!
 
posted by lucas nihil at 3:30 AM |
segunda-feira, junho 25, 2007

Sabes João, foi essa forma voluntária de pensar que te trouxe o desassossego.

Os teus passos caminham na direcção oposta da minha forma de sentir e no entanto culpas o vento que me veio soprar ao meu ouvido as fábulas de encantar.

Noutros tempos, foste tu a brisa mansinha que veio ao pé de mim para me abraçar e confortar o meu corpo distante. Nessa altura rias-te do meu ar pedante que mais não era o sopro da minha defesa.

Ontem rias-te por ser sempre tão vaidosa e Hoje sou muito triste por dentro, também muito teimosa.

Mas eram os sonhos que me faziam caminhar, fugia de ti para me puderes alcançar.

Dizes que a tempestade há-de acalmar? Que o vento na minha alma melhores dias irá soprar?

João, vivo no mar de solidão, de olhos vendados no vendaval da minha triste existência. É miserável condição viver neste mar de confusão. Haverá mal, João, de por vezes eu querer um colo tenro, como quando era pequenina, quando tinha o colo da minha mãe.

Tenho tudo, João, vestidos, jóias, colares, e uma terrina de cristal. Também tenho um coração paupérrimo sem pulso, outrora, extraordinariamente rico. Os batimentos do meu coração foram definhando, enquanto por TI ansiosamente aguardava. Nunca apareceste João. Apenas para comer, dormir, e dizer-me bom dia.

Não foi o sopro do vento nem os sonhos que me desumanizaram. Por entre as palavras que não me definem, nem jus fazem à minha vontade de querer ser melhor, eu tento todos os dias ser melhor.

Que queres tu de mim, se melhores ventos eu não te sei dar, e já agora, melhores marés o teu mar merecerá?

Eu que de tudo faço para agradar, que tudo tiro de mim para te dar, que tudo arrisco para não ter por ti de arriscar, levo longe demais o meu esforço e acabo sempre por cair no fosso que me cavas com palavras duras, obstinadas e vingativas. Palavras que ferem e são autênticas lanças que espetam os meus olhos, e sangro o meu corpo ao vento frio.

Aquele vento que se sente ao domingo de manhã, quando mais cedo acordamos para ir cheirar a terra, que ainda está orvalhada e molhada.

Um último adeus impera nas minhas palavras, um último destino fica nesta serena terra.

O sangue que vou derramar, não é por ti João, é por mim, mesmo não sabendo se vou para um melhor lugar.

Deus te guarde e a mim me acompanhe. Sempre tua até que a morte nos separe.

Maria Villas-boas.

 
posted by lucas nihil at 6:48 PM |
sexta-feira, junho 22, 2007
Vi o meu corpo
No espelho
Velho
Cansado
Desgastado
(não sei quantos anos me faltam? E alguém saberá?
Só sei os que tenho)
Sorri.

Revi lembranças, brincadeiras
de quando eram crianças,
três nascidos filhos
a mandriar sem maldade,
Com lealdade.

Em frente ao espelho vi
A mesma cara
Os mesmos gestos
O mesmo eu
E tornei a rir
(Claro que o meu riso agora é mais velho
Até as minhas rugas)
Ri.

Estupor de imbecil
de que te ris homem senil?

DISSE:
Há árvores com folha caduca
Há árvores com folha perene.

tu não és perene, acredita!

Vais ficar aí
a dormir em pé?
Em frente ao espelho, José.
Anda daí e toma o café.

Sorri.
(o meu ego é perene)
E nada disse.
 
posted by lucas nihil at 12:53 AM |
quarta-feira, maio 09, 2007
O ponteiro das horas
é um incómodo espinho peculiar.

Vive um segundo espinho na garganta, espetado.
Há um terceiro espinho nas palavras, degolado.
Um quarto e um quinto espinho,
na nave da catedral conversam
de braços cruzados,
sobre o mar de horas de espinhos acossados.

Tudo o que me resta é uma rosa
de espinhos condensada
na minha algibeira esfarrapada.

Talvez sangre um verso ou um pensamento.

Na mão o caderno livre de apontamentos
é o meu maior espinho.
A ausência de declarados sentimentos.
 
posted by lucas nihil at 1:29 AM |
quinta-feira, maio 03, 2007
Como um andarilho
Que procura o sarilho
No balanço do trapézio
Ou na ausência da rede

Não posso denegar
Os teus olhos cheiram a mar
 
posted by lucas nihil at 2:43 AM |
quarta-feira, abril 11, 2007


Não te trago um fado.
Ou um estalado disco riscado
de palavras enroladas em cordas quebradas

Trago-te o puro e duro pensamento
de duvidares das dúvidas da Razão.

Não se trata de destino.
Ou o fatalismo do ter que ser.
Não sejas como o mundo lá fora que crê
sem nunca saber porque o Ser foi.

Não te trago um beijo de judas.
Ou não entendes as minhas recusas
de ouvir um estalado disco riscado?

Tenho dúvidas que duvides da razão.

Esvazias a alma com tanto coração
Arruínas a estranha dúvida da nossa condição

 
posted by lucas nihil at 4:27 AM |
terça-feira, março 27, 2007

Não tenhas medo

Conta me o teu segredo

De fio a pavio

Prometo que não revelo

Onde se afundou o teu navio.

 
posted by lucas nihil at 1:54 AM |
sexta-feira, março 16, 2007


Ouvi a notícia na rádio.
“Deu à costa, ao largo do mar….”
Pensei ser um cadáver a boiar
sem roupa, roxo e nu.
“ …ao largo do mar a boiar
um velho baú”

Disse o homem na rádio.
“…a quem souber o seu paradeiro”

Porquê sobressaltar o mundo inteiro,
por causa do meu baú,
a boiar nas ondas do enfado rotineiro.

“ ..a César o que é de César
é de elementar justiça.”

Dêem o perdido por achado.
Por amor de Deus.
Um achado não reclamado,
não gera inocentes
ou culpados.
Eu não quero os náufragos
de dias fúnebres e magoados.

“….para que fique instruído o processo
e todos os factos apurados
o baú encontra-se
na secção de perdidos e achados”

Raisparta o homem da rádio
 
posted by lucas nihil at 2:34 AM |
sexta-feira, março 09, 2007
os teus olhos pisam as noites nuas
pisam as noites frias

arpões afiados
a rasgarem a carne
quebram o teu mundo de vitral

o teu corpo é um comboio embriagado
fura tresloucado
terra, seiva, artérias
sangue derramado

és o perfeito cadáver putrefacto sentimental

o mundo é feito de ferro forjado
argila, areia, barro da costela do Adão experimental

Eva
quando quebras-te o teu mundo de vitral
à semelhança dos teus olhos
obrigas-te Deus a criar o vendaval
 
posted by lucas nihil at 3:27 AM |
terça-feira, fevereiro 27, 2007
SOU UM LIVRO FECHADO
NA PRATELEIRA PARTIDA

PONTE PÊNSIL DO TEU UNIVERSO

QUERO RASGAR DAS VEIAS UM VERSO
CAPAZ DE FAZER DA DOR
A LOMBADA
ARQUEADA DA VIDA

NOS MEUS OLHOS
PODERÁS VER A CAPA DURA
VERDE E DESGASTADA

NA CONTRA CAPA
LERÁS AS MINHAS FUGAS
COMO QUEM LÊ
AS EXPRESSÕES DAS RUGAS

INCITO TE
A LER ME POR DENTRO

EXISTEM CAPÍTULOS TEUS
QUE CAPITULEI
NÃO SEI SE PERDOEI
NUNCA ESQUECI

RASGA FOLHAS DE MIM
QUEIMA AS PALAVRAS QUE ESCREVI
 
posted by lucas nihil at 1:39 AM |
quarta-feira, fevereiro 21, 2007
Enfiada
no seu vestido em tom pastel
Maria desce a calçada
apressada
em direcção ao cais.
Caminha depressa.
Um sabor da saliva, atravessa-lhe o pensamento.
Quase corre, como se fosse amarrada ao vento
Por um cordel
Saliva do beijo que ela espera encontrar
nos lábios de mel
do seu amante Joel.

Maria no doce mundo da ilusão
tomou a decisão.
Atou a consciência a um cordel.
Enfiou-se no seu vestido pastel,
pintou sonhos a pincel,
e trocou por um dia,
o João pelo Joel.

O João regressa a casa
mais cedo que o habitual.
Facto pouco normal.
Sem que a Maria dê por nada.
E por nada dar
nada Maria podia.
Enquanto na calçada, esta
nessa mesma hora, para casa corria, corria, corria.

Telefone desligado,
Não deixou bilhete,
Não deixou recado,
Apenas deixou o João preocupado.

João recebe em casa a Maria
e questiona a mulher.
Afinal queria saber
o que lhe acontecera nesse dia.
E Maria deu-lhe a resposta,
Que ele tanto ansiava,
Que ele ouvir tanto queria.

Respondeu-lhe Maria:
Atrasei me como podes ver,
que outra coisa poderia ser?
Desculpa, meu querido
Marido,
Ou por onde julgas tu que andaria,
enfiada neste miserável vestido em tom pastel?
Se assunto importante fosse,
prometo que te diria,
Mas o meu telefone estava sem bateria.
 
posted by lucas nihil at 2:39 AM |
segunda-feira, fevereiro 05, 2007
Nos teus olhos, em chama, vejo arder
a fogueira insensível da fadiga.
Desprendem-se e ao teu colo vão morrer
pedaços e faúlhas de uma vida.

Só resistem, fogachos de outros risos
em teu peito, escondidos sem alento.
As lágrimas, são cinzas de sorrisos
que soltas, bailam, dançam com o vento.

Dilacera-te o peito e o coração
se teu segredo entrar em combustão
e implodir a fachada do teu rosto.

Por desgosto, ateaste fogo posto,
e arquitectaste, a tese de acidente.
Mas amor decadente, nunca mente.







Descobri na “gaveta” um soneto escrito em Julho de 2005.

Originalmente a ideia era ficcionar uma história sobre duas almas perdidas nos trilhos da rotina. Uma das almas veria no rosto da outra a decepcionante fadiga, e de forma impotente, assistiria à decadência do amor sem a possibilidade de imputar culpas ou de se sentir culpado/a.


Agora que reli, eu tenho uma outra visão, imagino uma alma solitária, que fala consigo próprio/a ao espelho, fazendo confissões de desencanto, sem coragem para dizer à sua alma metade, metade do que lhe vai na alma.
 
posted by lucas nihil at 4:39 AM |
sexta-feira, janeiro 26, 2007

onde foste tu ontem que hoje nem te vi?

Que desarrumação a nossa vida, Clarinha. Olha à tua volta e vê se te dás conta? Algo está fora do sítio.

pára, respira, e começa de novo a contar da frente para traz, de 10 para zero.

Nada há a fazer clarinha, chegamos ao ponto da inevitável ruptura.

Tira as vendas que te ferem quando te encontras sozinha com a manhã, onde pisas a terra queimada pelo sol.

e tu bem sabes, Clarinha, que o nosso caminho não é o mais honesto. Aquiles caiu pelo calcanhar, Sanção pelo cabelo, tu caíste pela renúncia.

Suspende sob a minha cabeça, a espada de Democles, e por isso, hoje, não te falto à verdade, não queimarei mais os pés no trilho que pisas, não tenho mais sitio onde por o pé.

Não é por falta de palavra, não é por falta de fé, mas não te quero ver sempre a tropeçar no caminho que percorremos. Clarinha, o nosso caso é fácil de decompor. Não é o preciosismo meu, querer atingir o máximo de pacificação interior, ou a paz. Tu queimas-te as pontes que nos uniam, e eu incendiei o rio por vingança. Agora não me podes vir cá buscar, sou eu que quero ficar do outro lado do rio, sentado na margem do engano, dobrado como se fosse uma folha de Outono triste. Não confies que o tempo, tudo cura, que o tempo nos irá resgatar. Fomos nós que cavamos um fosso entre o ontem e o hoje, e seguimos assim, sem rumo para o Amanhã. Não quero experimentar outra viagem, a ruptura é o que me parece certo neste momento. Não quero ser eu o percursor de uma vida atormentada de fantasias, sonhos esquecidos e claro está, vidas adormecidas.

e tu bem sabes, Clarinha, que o nosso caminho não é o mais honesto. Aquiles caiu pelo calcanhar, Sanção pelo cabelo, tu caíste pela renúncia

onde foste tu ontem que hoje nem te vi?

Clarinha, hoje acordei a chamar por ti, a e a enfermeira do lar disse-me que já cá não estavas há 10 anos.

lembro-me bem do dia em que te mandei embora e de ter tanta certeza como razão.

Que desarrumação era a nossa vida clarinha, lembras-te quando foste para o hospital, e contas-te da frente para traz, de 10 para zero.

pára, respira, e começa de novo a contar da frente para traz, de 10 para zero.

Nunca chegaste a acordar. Andava eu a adiar a ruptura e tu quiseste a renuncia.

onde foste tu ontem que hoje nem te vi? Tenho imensas saudades tuas, clarinha.

 
posted by lucas nihil at 2:30 AM |
segunda-feira, janeiro 15, 2007













Fotos do Autor do blog

 
posted by lucas nihil at 2:31 AM |
sexta-feira, janeiro 12, 2007

Ontem, pela tarde na Confeitaria, mesmo ao fim da tardinha, ouvi o gemido do teu vestido ranger, quando apressadamente, a julgar pela pressa que levavas nos gestos, entraste na Confeitaria da D. São. Olhas-te para mim só para saber quem te olhava, nunca com a intenção de saberes quem eu era. Assim entendi.

Sei que falo assim comigo próprio, porque aqui no meu quarto ninguém me ouve, e sei que amanhã quando tornares a aparecer, com o teu vestido a varrer o ar por onde passas, apressada, voltarás outra vez só para pedir o pão, e sairás com ele na mão, acompanhada somente pela tua altivez.

Na confeitaria, ontem senti uma certa mágoa, pois julgava-me merecedor de um olhar menos ausente, não que seja louco para pedir-te um olhar com afecto, mas um olhar vazio, isso não, isso não o merecia. Eu, todos os dias apareço sem demora, baloiço nos minutos e nas horas só para te ver chegar e como recompensa recebo de ti, um olhar frio. E quase que aposto que quando abres a porta, sabes e sentes que flutuas no meu olhar.

Se foi por mal ou sem intenção, eu estou decidido a deixar de perder mais o meu tempo, por tua tamanha falta de atenção. Aqui que ninguém me ouve, sei que isto tudo pode ser fruto da minha imaginação, mas eu por ti, Rita, correria o mundo.

Que idiotice a minha, mais pareço um adolescente enamorado que um adulto esclarecido. Amanhã na confeitaria, olharei para ti friamente, como se fosses ausente, direi mesmo, como se fosses transparente e sairei apressado para que tu notes bem o meu desagrado.

Estou decidido.




Ontem na confeitaria, julguei que em mim ele reparava. Ainda olhei muito discretamente, tenho medo de ser pouco atraente ao seu olhar. Ultimamente, pode ser fruto da minha imaginação, acho que sinto uma certa atracção pela sua fisionomia, para ser sincera, até dos seus gestos, demonstra uma segurança que me faz manter uma certa distancia. Aqui que ninguém me ouve, sou bastante insegura.

Eu sei que vive sozinho no 2º andar, em frente ao meu prédio. Muitas vezes fico a observa-lo através do cortinado da minha janela, quando brinca com a filha da D. Rosa ou conversa com o porteiro, e fico sempre à espera que se dirija à confeitaria. Depois, quase como uma adolescente, vou-me arranjar, apenas para ir buscar pão. Talvez amanhã, se realmente ele de novo para mim olhar, devolver-lhe-ei um leve sorriso, quem sabe, talvez tenha coragem. É isso, amanhã talvez tenha coragem para olhar para os seus olhos castanhos, cor avelã, que me deixam sempre nervosa. Um sorriso, quem sabe, será um bom começo.

Estou decidida.




Raisparta o homem, vem aqui, senta-se, lê o jornal, olha para o relógio, e nem dá pelo meu ar atrás do balcão. Ele não é bonito, isso não é, mas é educado, e nos dias de hoje arranjar assim um homem não é fácil. Pode ser fruto da minha imaginação, mas cá para mim, acho que ele vem cá, só para ver aquela enjoadinha.

Eu cá para mim, só pode. Sim, aquela sonsa da Rita, que trabalha num escritório, no centro da cidade e julga-se mais que ninguém. Uma pirosa, que nem se sabe vestir, com botas de cano alto, horrorosas, vestidos coloridos, parece mesmo uma rameira, sempre com as unhas cumpridas. Unhas de gel, precisam de manutenção, dizia ela no outro dia à D. rosa. Até fiquei burra, com o dinheiro que ela gasta, só com o estupor das unhas. Coitado daquele que a levar, para manter uma mula assim, mais vale manter um burro a pão-de-ló.

Raisparta o homem, que só tem olhos para ela. Ou eu não me chame Maria da Conceição, se um dia destes, decidida ainda lhe abro os olhos Eu, uma mulher séria, que já tudo fiz para lhe agradar, sempre a rir-me para ele, sempre muito bem posta. Raisparta o homem, embeiçado por uma sirigaita daquelas. Tenho espelho em casa, e aqui que ninguém me ouve, até sou jeitosa, por isso, homem já teria arranjado mal eu quisesse.

Mas os homens que conheço, sei bem o que eles querem. Querem uma criada, óh óh! Uma criada. Para isso já me chega o balcão da confeitaria. Ai que nervos! Isto não fica assim, não passa de amanhã.

Estou decidida.




 
posted by lucas nihil at 2:45 AM |
terça-feira, janeiro 09, 2007
Pé-d'água das palavras

Gotículas de palavras,
pingam na calha do meu
coração de pedra dura.
Uma a uma, pingam gotículas
de perfeitos desdéns. E
quando na calha nos cai
amargura, sente-se o hálito
de sentimentos reféns.
Palavras de pedra mole
ou água pura, nunca são
leves. Habitam no meu
coração de pedra dura.

Asilo das Palavras

Nesta árida paisagem
diluis, no vapor do meu hálito
as tuas palavras húmidas.
São sílabas, oxidadas
na enferrujada engrenagem,
dos meus fecundos abrigos.

As palavras perfeitas

Não queiras de mim palavras.
As palavras são sopradas,
tanto ao vento, como ao tempo.

Com palavras prometidas

Vive-se suspenso
no tecto do mundo
a sonhar
sonhos de encantar

Ausência das palavras

Na exalação
do meu hálito,
respira
alma e coração.
 
posted by lucas nihil at 3:38 AM |
domingo, dezembro 24, 2006


Dedicado ás quatro! Talvez cinco pessoas! Será?

Exagero meu, se calhar, talvez três.

Com estima vos deixo uma musa a cantar uma música que me inunda sempre o coração de comoção.

Que 2007 seja para todos nós pródigo em experiências e vivências felizes enriquecendo da melhor forma o nosso património de vida.

Talvez continue a escrever….

 
posted by lucas nihil at 6:41 PM |
sexta-feira, dezembro 15, 2006
As palavras escritas
São sempre diferentes das ditas

E com ditas palavras
Se dita
Que quando escritas
Aditam um parecer ser

Na nossa boca
Quando ditas palavras
São ditas
As ditas palavras são aditas
Da plasticidade
Da multiplicidade

As palavras quando ditas
São sempre diferentes das
Palavras escritas
 
posted by lucas nihil at 1:46 AM |
quinta-feira, novembro 30, 2006

I

Na dobra do teu joelho

Vejo o que sobra do meu espelho.

Na ampulheta do medo

Ou na silhueta do teu segredo

Fica a curva do meu novelo.

Na turba do teu cabelo

Escorre o grão de areia

Que morre na maré-cheia



E no rio braço de mar

ao frio e ao Deus-dará

Quem me salvará?

É um passo

Do espaço, do meu lugar

Ao escasso raio de luar,

Onde só

Sobra a luz do meu pensar


Não é cruz que ando a carregar,

Mas sim o fio do novelo

Que daqui


[ Quem diz de aqui

diz até ali]

vai do teu cabelo

À dobra do

Eu joelho


II


Não vou iludir o meu sofrer

Ou mentir por teu bel-prazer

Talvez sorrir por desistir

Porque sem partir já fui antes de ir


Sou o delírio dos esquecidos

O martírio dos preteridos

Nas garras da aflição

Nas amarras da condição

Sou a triste figura da poesia

Crio o rio frio dogma da alergia


E se o pé foge do chão?

E se a fé escolhe a razão?

Perdido vou ficar

Esquecido a navegar!


Alheio à minha condição

Em cheio inspiro sem pulmão

Para aguentar este remar

Para tentar vivo chegar

Não é longe o lugar


[Quem diz lugar diz ali

e pode bem dizer aqui]

à luz do teu cabelo

na dobra do meu joelho


III


E se sem querer

Eu quiser querer

Partir para descobrir

Um outro qualquer novelo,

Noutro qualquer fio.

E se noutro qualquer cabelo

Se me prender o olhar?


Frio rio

braço de mar


Existe o Frio de Roma a pavio,

E navegar sem parar

É correr para não morrer


Neste momento

Sem alento

Tudo pode acontecer aqui


[ Quem diz aqui

muito bem pode dizer ali]

na distancia que vai

do meu cabelo

À dobra do teu joelho



 
posted by lucas nihil at 5:07 AM |
terça-feira, novembro 21, 2006
São homens
Ou Ratos

Os desistentes [ pergunta retórica]

Haverá Homens renitentes em perder
Ou Ratos dispostos a ficarem?

No apocalipse moderno do sofá
Os Homens-Ratos
São entregues ao Domicílio.
 
posted by lucas nihil at 12:31 AM |
segunda-feira, novembro 13, 2006

Eu era a chávena de café a viajar nos teus olhos a preencher os espaços que faltavam na cozinha. E a casa encheu-se de vazio enquanto a luz percorria sem velocidade o ranger da madeira dos passos que eu, fantasma sentimental, percorria no labirinto emocional do teu hábito matinal. E enquanto a manhã emergia para me vir resgatar do choro que dentro de mim vertia, eu era a chávena de café, que viajava ausente entre o teu olhar e a mesa. Do outro lado da parede o teu olhar embateu, atravessou-me como se eu fosse translúcido ou transparente. As palavras, não apareceram, por entre nós, nem tão pouco ao pé da mesa da cozinha, ou rodopiando por entre a madeira que rangia, ou a manhã que emergia. Hoje, eu era a chávena de café e tu ilha isolada, e o silêncio num vaivém constante, entre nós viajava.

 
posted by lucas nihil at 3:27 PM |
quinta-feira, novembro 09, 2006
Sabes meu mar
Se eu fosse cantor
Cantaria canções de embalar
Sustentaria toda a dor
Que desejas calar

Sabes meu mar
Se eu fosse inventor
De fábulas de encantar
Imaginaria a cor do amor
Para nos meus olhos navegar

Sabes meu mar
Se eu fosse pintor
Desenharia para ti o céu e o ar
Pintaria carícias de amor
E beijos suspensos no luar
 
posted by lucas nihil at 3:09 PM |
quinta-feira, novembro 02, 2006




Insistimos
por vezes
com as pálpebras cansadas

Não temos imagem

Apenas letras
A percorrer o meu imaginário

Satélites suspensos em corpos ausentes

E nós existimos
entre fios e caracteres
desenrolamos historias
sobre marionetas
ao sabor do tempo


Enquanto o mundo escurece
 
posted by lucas nihil at 3:05 AM |
quinta-feira, outubro 26, 2006
O meu mar
hoje
está triste
não sorri nem me salpica
parece morto
quando assim fica

O meu mar
hoje
está calmo
espera a manhã chegar
Esperará o seu amor!
Ou apenas ver o sol brilhar?

O meu mar
Disse: - estou farto e só,
todos os dias vejo chegar
dias nublados.
Não está contente nem se agita
Não sorri nem me salpica

O meu mar
em dias acinzentados
traz nas ondas
versos desesperados
 
posted by lucas nihil at 1:23 AM |
segunda-feira, outubro 16, 2006






Vem por bem
meu bem
por bem querer
e não por sofrer
por bem
como quem vem
para viver
quando bem
estiveres
vem
mas por tudo querer











 
posted by lucas nihil at 4:34 AM |
quarta-feira, outubro 11, 2006
Quando apareces
as ruas
desfazem-se diante do meu olhar.
O meu poente desagrega-se
no linear risco
que o céu traça sobre o mar.

Os teus lábios
são pétalas
estranhas e quebradiças
de sombras
que se adornam nas jarras
quebradas.

És a cintilante flor
que se movimenta
em redor do espaço
que os meu olhos criam.

Ou então os teus lábios
Aliciam?

Mas
os meus dedos ainda navegam
nas mágoas
que não soube chorar
Por entre silêncios apurados
apertados
acanhados
que só eu sei escutar.
 
posted by lucas nihil at 4:31 AM |
sábado, setembro 30, 2006

foto lucas nihil


Não há nada
Que valha a pena hoje

Se ao menos os teus lábios me viessem
Resgatar deste poço sem fundo
Onde me afundo

Cinco mil metros de profundidade
Labirintos de murmúrios tricotados

Por isso não vou sair mais da minha concha
Vou ficar sozinho no meu mar de nuvens
Enquanto
os teus lábios a mim não regressarem
 
posted by lucas nihil at 2:47 AM |
segunda-feira, setembro 25, 2006
A seiva escorre
no tronco do meu corpo,
onde o sangue se torna mais leve.
Dilacera os vincos do meu rosto
no estorvo do ar rarefeito.

Contra as sombras do abismo,
nas águas ternas da inflexão
afogo-me
na neuropatia da convicção
do que aqui fica escrito.

Por ter sido,
nado e criado
na úlcera da vida.
É carcinoma
não querer
romper as veias das ideias.

Caí no embuste.

No sofisma da materialidade imoral
Capitulei o logro do meu Eu
É
o suicídio capitalista da alma
 
posted by lucas nihil at 3:53 AM |
quinta-feira, setembro 21, 2006
O nome define o sujeito,
mas não é predicado essencial para conhecer o género

A alma sem definir o género
sob os trilhos da subsistência
Sustenta o pretérito ou o prometido perfeito.

Na perpendicular do perpétuo Devir
A alma é sentimento
que no essencial o sujeito
não se sente predicado para definir
 
posted by lucas nihil at 3:30 AM |
terça-feira, setembro 05, 2006

São sessenta e três segundos

Depois das sete

na praça de Espanha

Respira-se a cidade

Alcatrão sujo



….despojos de um verão quente

que trago nos meus ombros.


O pôr-do-sol

ocaso de triste figura

sob o dormente céu que desmaia


Um minuto depois jurei,

que eram sete da tarde.

na praça de Espanha

o tempo encolheu.

 
posted by lucas nihil at 12:06 AM |
segunda-feira, agosto 14, 2006


olha o mar

e ao longe verás

que não há mar nem céu

apenas o azul

do meus passos

e dos passos teus


[ enquanto ouvia um fado de Teresa de Noronha ]

 
posted by lucas nihil at 2:29 AM |
quarta-feira, agosto 09, 2006

Quinto elemento

Essência.

Definição:

Esventrados sonhos

nas vísceras do âmago

de quem verdadeiramente somos Foto lucas nihil

 
posted by lucas nihil at 2:13 AM |
terça-feira, agosto 01, 2006
foto por lucas nihil [ manipulada digitalmente]


Ele há fotografias, que não tem explicação. Surgem.
Será uma Ideia vaga? Um simbolismo? Uma alegoria?

Pertinácia, chego a pensar.



........
 
posted by lucas nihil at 12:40 AM |
sexta-feira, julho 28, 2006
hoje

sou um cais de silêncio
onde a minha alma se entrega

onde à flor da pele flutuam
navios de sepultadas memorias
desaguam
em águas passadas de amargura

nos meus olhos navegam
destroços de dias magoados

hoje sou um náufrago
onde a minha vontade congrega
a opressão do silêncio
morada
onde minha alma se entrega



 
posted by lucas nihil at 3:43 AM |
segunda-feira, julho 24, 2006

E o poeta sofria, ali no meio da praça, redondel alicerçado em sílabas amargas e palavras repudiadas.

A turba, entusiasmada gritava, Olé.

As redondilhas, tanto as maiores como a pequenas, tinham sede de vingança, e em cada ferro que o poeta recebia, furiosas e loucas de contentamento, em júbilo gritavam, Olé.

E o poeta prostrado de joelhos, no meio da praça, a sangrar palavras em desalinho, enfrentava o cavalo louco que sobre ele investia, e um cavaleiro, a quem lhe chamam, a Vida! Coisa ou facto, ou personagem, que o poeta diz não conhecer, e por tal condenaram-no a tanto.

No estrato mais alto do redondel, os decassílabos, com ar altivo, primos direitos dos sonetos, família conceituada, com enormes vestes de sílabas fonéticas, perdiam por vezes a postura, e ali ao ver mais um ferro comprido, no poeta espetado, não continham o brado e gritavam, Olé.

A vulgar multidão de versos soltos, vulgares plebeus, tão negligenciados, vestidos de branco, aglomeravam-se para ver o poeta morrer, entristecidas por cada Olé em jubilo gritado.

O poeta não os tinha escravizado, nem espartilhado, deixando existir em cada uma delas a sílabas métricas que melhor se adequavam ao sabor da pena

Deu-lhes a liberdade, podiam constituir família, com ritmo, som, e serem livres de voar sobre as ondas do mar que navegam debaixo das pálpebras da poesia branca.

E a vida?

A vida sobre o poeta cavalgava, furiosa, por em certas alturas o poeta não a ter enaltecido, e por outras ter pedido a morte como castigo.

 
posted by lucas nihil at 1:18 AM |
segunda-feira, julho 10, 2006

Sobre esta terra agreste

rasgo o ar

rasgo o céu

já só há

o teu

o meu.

nosso destino?

Sobre esta árida terra

nas suas entranhas

ecoam

os meus passos errantes

Vivo onde

as pedras não tem idade.

Despedaçasse eu

a minha alma

contra estes rochedos

Esfarrapasse eu

o corpo

em busca de teus segredos

Rasgasse eu a carne

para expurgar

os meus medos

Sobre esta terra agreste

 
posted by lucas nihil at 3:33 AM |
quinta-feira, junho 29, 2006

Ontem sonhei que era Deus, e olhava para os Homens, sem saber o que fazer por eles.

Tive um sonho surrealista, eu sonhei que era Deus, deformado pela sapiência em que vi os Homens em busca da vã vaidade, numa irresistível sede pelo Saber fácil.

E reparei que os Homens andam a serem enganados, não são mais que produtos aculturados, sem ter uma linha que os conduza, são pobres espíritos à procura do consumo e facilidades fúteis.

Enquanto sonhava via, os homens e as mulheres, à procura nas cartas do esoterismo astrológico a busca do Saber, é uma demanda mais fácil este tipo de busca pelo Saber, que vos leva até vós o total conhecimento, o niilismo.

Assim, sois Homens pecadores sem rede em trapézios de colunas onde não alicerçam o Saber, nem a verdadeira essência de quem sois.

Que procurais homens ? Sonhava eu.

Perdidos neste mar de tortura, de horas suspensas sobre a ponte pênsil da aflição em que o vil metal vos tolda a razão, que procurais homens, será o amor?

Que amor é esse que vos provoca a imaculada inveja, pelo próximo em favor do desfavorecimento do próximo.

Sonhei que era Deus, e senti o cheiro dos vossos egos traumatizados, egos que se rebolam na lama, e se deitam na cama, afiando o gosto pelo poder que na lama, na cama, vendem assim a vossa condição.

Prostituindo-se e conhecendo a pessoas certas, vendem as vossas miseráveis almas, em troca de uma posição de destaque, de uma profissão de futuro, que vos assegure esta pobre existência ridícula, feita de fachada sem som onde os muros de silencio vos tapam as vossas pobres mentes tão mal regadas.

Se sonhei ser Deus, interrogava-me porque teria deixado crescer estas ervas daninhas que contribuem para que o Homem; produto da cultura, seja actualmente uma sociedade produtiva de pessoas que não distinguem o trigo do joio.

Que vós homens e mulheres, que procuram o sustento, que trabalham para levar o pão à boca e que preocupam-se cada vez mais com a saúde, que de bem essencial, nunca ouve Homem em perfeito juízo que não o negasse que assim fosse, que por ultimo como fonte de alimento e sustento para a alma deveria ser a busca do Saber, não o fazem.

Se eu sonhei ser Deus, foi um sonho descabido e surrealista, porque no meu sonho vi almas pequeninas sem querer desperdiçar o tempo a ler um a bom livro, um bom filme, um bom bailado.

São as novelas que vos dominam a vida, são as pobres televisões sensacionalistas, que vos cegam e contribuem para vos criar os filtros culturais que aos vossos olhos sem moral, vos desmoralizam e vos cegam, que homens e mulheres na vossa mesquinha e vasta timidez de querer ter coragem e de mais querer, sois Homens de pouco saber e que pouco sabem. Pois o Saber não é mais que uma ferramenta que se utiliza em nosso favor, uma ferramenta que nos leva a ser quem nós nunca pensamos que poderemos um dia ser.

O meus sonho foi deveras real e tornei-me irado!

Quem vos guia o espírito nesta árdua caminhada, sois homens que não sabeis bem actualmente qual é o vosso lugar, onde as mulheres se sentem cada vez mais reprimidas e assustadas, dizem elas.

Carreira, ter filhos, ter boa presença, ter o culto do corpo. E o culto da imagem, é extenuante.

Então vós coitados, que por destino assim Deus ou lá o quem seja que nos criou, sonhava eu, quis-vos homens, perdidos a caminhar num deserto, numa perda constante de identidade, sem saber muito bem qual o papel que a actual sociedade vos reserva.

Elas, mulheres, até dizem que não compreendem os homens, aqueles bichos estranhos que são todos iguais, mas preocupam-se tanto em escolher.

E eles andam perdidos, num deserto de solidão. Não pedem muito, pedem é apenas aquilo que não devem pedir.

Que pobres homens fúteis e desinteressantes que a nossa sociedade edifica, que pobres mulheres banais se estruturam na nossa presente sociedade.

Que fascismo o meu por emitir tal opinião. Que abuso da escrita para emitir tal opinião sou eu capaz.

Mas se o faço, é apenas por uma razão. Faço-o porque posso. Simplesmente.

Faço-o porque tive um sonho e tinha de desabafar.

Quando acordei, aliviado respirei, e perguntei-me, se isto não passasse de um sonho seria muito triste, que cultura andamos a produzir para as gerações vindouras?

Por fim, a ultima pergunta e a única.

Porque será que cada vez mais há homens e mulheres, cada vez mais, fúteis, banais e desinteressantes?

 
posted by lucas nihil at 1:26 AM |
sábado, junho 03, 2006
foto analógica por lucas nihil
vejo trincheiras
e um soldado em chama
traz entre ele e o peito
uma flor vermelha

( os campos dos poemas
rompiam esta triste guerra
sem fazer sentido )

e ele
com o cheiro da pólvora
a ecoar no seus lábios
andava à procura dos teus beijos

ainda o vi
uma última vez
trazia no peito
um buraco escavado de vazio

: - são coisas que só um coração
sabe sentir, quando bate sozinho

disse-me ele, moribundo

……….
 
posted by lucas nihil at 1:23 AM |
quinta-feira, junho 01, 2006
Eu fui a trote no meu cavalo
voando sobre nuvens
de desespero
segurando as suas crinas de solidão
enquanto o meu coração
se debruçava sobre o seu dorso
sentia o meu peito em fogo
a quebrar em dor

sobre a imensidão do ruído branco que respiro
com maldade
perfurei as esporas na minha carne
obrigando o meu cavalo à fúria do galope

o meu cavalo lambe do mar o sal
e salpica-me com a espuma das lágrimas
que tudo fere e tudo cura
cavalga sobre os sulcos da minha pele
que o suor dos meus poros a minha vontade impele
 
posted by lucas nihil at 10:54 PM |
quinta-feira, abril 06, 2006
Oscilam pássaros de cera
em candelabros iluminados
que se derretem

Alucinações de medo
ás minhas mãos chegam e de mim levam
o riso

Sou uma manta de pecados repetidos
em gestos
Onde as minhas mãos escondem os originais
 
posted by lucas nihil at 2:06 AM |
domingo, abril 02, 2006
Rasgar do ventre de ti
e de mim
os sonhos
Que o tempo me apressa

Eu sou verde
Verde musgo
Onde o pinhal se adensa
se acerca de mim
 
posted by lucas nihil at 2:57 AM |